A palavra “Sábado” vem do
hebraico “shabath”, significa: desistir, cessar, acabar, pausa,
interromper, donde vem a ideia de descanso. Logo depois que se
completou a grande obra da criação, foi instituído o Sábado. Gn.
2:1-3 “Assim os
céus, e a terra, e todo o seu exército foram acabados. E havendo
Deus acabado, no dia sétimo, a sua obra que tinha feito, descansou
no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus
o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua
obra, que Deus criara e fizera.”
e por causa da sua origem divina, é dia que
se deve santificar perpetuamente.
I
– A INSTITUIÇÃO DO SÁBADO – GÊNESES 2:1-3
1
– O Sábado foi instituído no fim da Criação.
No fim da semana da Criação, quando os três reinos (mineral,
vegetal e animal), tinham saído com absoluta perfeição da mão do
Criador, Deus estabeleceu o Sábado. A observância do Sábado não
era desconhecida antes da entrega da lei no Sinai, como supõem
muitos cristãos. Ela não é uma instituição privativa dos judeus,
muitos dizem que o Sábado foi feito para o judeu, porém quando foi
instituído não existia nação formada. O Sábado é uma
instituição que existe desde a Criação.
2
– O Sábado foi abençoado e santificado por Deus. Após
haver concluído todo o trabalho da criação. Deus descansou no
sétimo dia e lhe conferiu a bênção e a santificação, dois
atributos que nenhum dia da semana possui, como podemos observar em
Gn. 2.3 “E abençoou
Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a
sua obra, que Deus criara e fizera.”
O Criador descansou não porque estivesse cansado, mas para dar
exemplo ao homem criado (Is. 40.28). Deus o separou dos demais dias
para nele o homem também santificar o Seu nome. Santo ou santificado
quer dizer: separado para o fim do que é santo. Não que somente o
sábado seja um dia de adoração, todos os dias são dias em que
devemos estar adorando a Deus, porém o Sábado é o dia que Deus
separou para juntos congregarmos e cultuarmos a Ele.
II
– O SÁBADO NO ANTIGO TESTAMENTO
1 – O Sábado
foi observado por Abraão, o pai da fé Gn.
26:5 “Porquanto Abraão
obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os
meus estatutos, e as minhas leis.”. Tanto no Antigo como
no Novo Testamento, a experiência de Abraão é apresentada como
grande exemplo de justiça pela fé em Cristo (Gl. 3:6-14). Abraão
obedeceu, porém, às leis de Deus. A observância do Sábado não
era uma experiência legalista para ele. Constituía uma benção,
pois era um ato de fé no seu Criador.
2
– O Sábado foi observado antes de ser dada a lei no Monte Sinai
(Êx. 16:4,5, 16-30). Os israelitas foram lembrados do Sábado
antes da entrega dos Dez Mandamentos no Sinai. Eles deviam colher uma
porção dobrada de maná no sexto dia, a fim de santificar o Sábado
do sétimo dia. O período de escravidão no Egito (400 anos)
interrompera a prática de sua observância religiosa. Depois do
Êxodo, o Senhor reapresentou o Sábado. Note atentamente as palavras
“prova” e “lei” no verso 4. Elas indicam claramente a
existência da lei e do Sábado com prova de lealdade antes do Sinai.
3
– A observância do Sábado foi incluída no quarto mandamento da
Lei de Des (Êx. 20.8-11). Quando Deus entregou Sua lei na forma
escrita, incluiu o Sábado como o dia de repouso. Entre os dez
mandamentos só no quarto pode-se identificar o Criador do Universo.
Perceba a expressão “Lembra-te”, entre todos os 9 mandamentos
só o sábado é colocado como Lembra-te, pois lá em Gn. 2.1-3 ele
já tinha sido ordenado por Deus. O Sábado é o centro da Lei e
sinal entre Deus e o Seu povo (Êx. 31:12-17; Ez. 20:12,20). Entre os
Dez Mandamento, o 4º é o mais citado pelos escritores sagrados,
demonstrando isto que Deus teve o cuidado de sempre lembrar ao homem
o seu dever de santificá-lo.
III
– CRISTO E O SÁBADO
1
– O Sábado foi observado por Jesus em seu ministério terreno (Lc.
4:14-16,31). A visita de Jesus à sinagoga da cidade em que Ele
residiu ocorreu no fim de uma série de pregações e ensinos aos
sábados. Em regra, tanto a presença de Jesus como a de Paulo, numa
sinagoga, indicam a observância do Sábado. O “costume” de Jesus
era frequentar, regularmente, a sinagoga aos sábados, enfatiza o
escritor Lucas.
2
– O Sábado e todos os demais mandamentos foram defendidos por
Jesus (Mt. 5:17-20). Jesus respondeu as acusações farisaicas de
que estava destruindo a lei e os profetas (a duas partes mais
importantes do Antigo Testamento), dizendo que não veio para abolir
a Lei ou os Profetas. Ele não veio para abolir, mas para cumprir.
Cumprir não significa apenas levar a efeito as predições, mas a
realizações da intenção da Lei e dos profetas. Dessa forma ele
reafirma que num só “i” (iota: letra menor do alfabeto grego)
nem um só “til” (um pequeno acento que formava parte de uma
letra hebraica) passariam, mas que a lei toda iria ser cumprida.
3
– Jesus reafirmou a verdadeira instituição do Sábado (Mc.
2:23-28). Os rabis haviam publicado, no Talmude, uma lista de 39
grandes trabalhos proibidos no Sábado. Cada um desses trabalhos se
dividia em outros menores, que também eram proibidos. Colher,
debulhar e joeirar faziam parte dessa lista. Foi por isso que os
fariseus acusaram a Jesus de não reprimir Seus discípulos. Então
Jesus lhe disse: “O Sábado foi estabelecido por causa do homem, e
não o homem por causa do Sábado.” O Sábado foi estabelecido para
ser uma bênção, benefício, não um fardo. Por esta razão. Jesus,
que instituiu o Sábado, não o cobriu de mutias ordens negativas e
positivas. Ele expôs um princípio que todo indivíduo deve
interpretar por si mesmo. O preceito positivo de Cristo para a
observância do sábado é o seguinte: “é lícito fazer o bem aos
sábados” (Mt. 12:12). A ocasião em que Ele proferiu estas
palavras foi durante a cura, no Sábado, do homem da mão ressequida.
IV
– OS APÓSTOLOS E O SÁBADO
1
– O Sábado foi observado pelos seguidores de Jesus, após sua
morte (Lc. 23:54-56). “Preparação” é a palavra judaica
para Sexta-feira. Nessa época do ano, o Sábado começava,
aproximadamente às 18 horas. Às mulheres preparavam as especiarias
e unguentos, substâncias aromáticas usadas para ungir o corpo dos
mortos, antes do Sábado, enquanto esperavam uma primeira
oportunidade para uma visita ao túmulo. Porém, “no Sábado
repousaram conforme o mandamento”. Como Mateus relata que a
primeira visita deu-se ao pôr-do-sol no dia de Sábado (Mt. 28:1),
entende-se que o verdadeiro Sábado bíblico é o período de vinte e
quatro horas do pôr-do-sol da Sexta-feira ao pôr-do-sol do Sábado
(Lv. 23:32; Ne. 13:19; Mc. 1:21).
2
– O Sábado foi observado pelos Apóstolos em Antioquia (Atos
13:14,15; 42;44). Essas reuniões de Sábado ocorreram durante um
período de dez anos (cerca de 45 a 55 d.C). Por que Lucas reladou
todas essas reuniões que os apóstolos realizaram no Sábado, sem
dizer uma só palavra sobre alguma mudança com relação ao Sábado?
Por certo, se houvesse algum conselho inspirado para prestar culto
noutro dia ou para não prestar culto em dia algum, Lucas teria
mencionado isso.
3
– O Sábado era observado mesmo onde não havia Igreja (Ato
16:12-15). em Filipos, Paulo e seus auxiliares guardavam o Sábado
“junto do rio”. Eles não foram lá porque o lugar era
conveniente para se encontrarem com judeu; e, sim, porque nesse local
lhes “pareceu haver um lugar de oração'. O relato demonstra que
os apóstolos observaram o Sábado como dia da oração e testemunho.
4
– O Sábado também foi observado em Tessalônica e Corinto (Atos
17:1,2; 181,4,11). Alguns cristãos crêem que Paulo ia às
sinagogas no dia de Sábado só porque podia encontrar ali uma
assistência de judeus dispostos a ouvir o evangelho. Sem dúvida,
Paulo usava as sinagogas como centro evangelístico; mas ele guardava
o Sábado, quer fosse na sinagoga ou não.
V
– TIRANDO DÚVIDAS SOBRE O SÁBADO
1
– Diferença entre o Sábado moral e os Sábados cerimoniais (Ez.
20:12,20 Os. 2:11). As Escrituras Sagradas fazem referência
clara a dois sábados. A saber: o Sábado moral e o Sábado
cerimonial. Um é o Sábado do sétimo dia da semana. O outro ocorria
em datas fixas do ano, como se fosse um feriado nacional, visto que
em hebraico não existe termo para a expressão “feriado”, pois a
própria palavra “shabath” significa cessar, pausa (veja Êx.
5:4,5, onde se usa a mesma palavra no original), denotando, portanto
um descanso religioso (como os que temos no Brasil). Assim é que, em
forma ampla. “shabath” assinalava certos dias de festa
instituídos por quando se exigia a pausa do trabalho, mas que
necessariamente não caíam no dia da semana cognominado Sábado (Lv.
16:29-31). Esses Sábados cerimoniais eram em número de sete. Eles
tinham uma finalidade: “eram sombras das coisas futuras” (Hb.
10:1). Esses festivais sabáticos eram os seguintes: 1) Páscoa –
15º dia do primeiro mês; 2) Festas dos Pães Asmos – 21º dia do
primeiro mês; 4) Memória da Jubilação (Festa das Trombetas) –
1º dia do sétimo mês; 4) Dia da Expiação – 10º dia do sétimo
mês; 6) 1º Dia da Desta dos Tabernáculos – 15º dia do sétimo
mês ; 7) Último Dia da Festa dos Tabernáculos – 22º dia do
sétimo mês.
2
– O Sábado que foi abolido por Deus (Cl. 2:14-17). Como já
dissemos anteriormente, todos aqueles sábados cerimonias que
apontavam para um futuro, ou seja para Cristo, sendo dessa forma
cravados na cruz do calvário, uma vez que já tinham cumprido o seu
propósito profético.
3
– A Instituição do Domingo como dia de guarda (Dn. 7:25). Na
primeira parte do quarto século, Constantino, o imperador romano, se
tornou cristão. Ele ainda era pagão quando decretou que os
escritórios do governo, cortes e as oficinas dos artesões deveriam
fechar no primeiro dia da semana, “o venerável dia do sol”,
como era chamado. E foi naquele mesmo século que o Concílio de
Laodicéia (321 d.C.) expressou a preferência pelo domingo. Uma vez
que muitos cristãos tinham sido adoradores do Sol antes de sua
conversão ao cristianismo (os adoradores do Sol guardavam o primeiro
dia da semana há séculos), tornar o domingo um costume cristão
seria uma vantagem para a igreja.
Assim,
por vários séculos, ambos os dias foram observados lado a lado. De
fato, essa prática paralela continuou até o século VI com o
verdadeiro sábado sendo observado em muitas áreas do mundo cristão.
Mas com o paganismo se infiltrando na igreja, sob a influência tanto
da popularidade como da perseguição, o domingo foi enfatizado cada
vez mais, e o sábado cada vez menos. Os escritos dos pais da igreja
primitiva nos contam a história. Eles traçaram o caminho da
apostasia. Eles registraram as práticas da igreja primitiva. Nenhum
escritos eclesiástico dos primeiros três séculos atribuiu a origem
da observância do domingo a Cristo nem aos apóstolos. Augusto
Neander, um dos principais historiadores da era cristão, escreveu:
“O festival do domingo, como todos os outros festivais, era apenas
uma ordenança humana, e estava longe da intenção dos apóstolos
estabelecer um mandamento divino a esse respeito. Não era intenção
deles nem da igreja apostólica primitiva transferir as leis do
sábado para o domingo” - A História da Religião e da Igreja
Cristã, pág. 186.
Continua .....
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