domingo, 3 de fevereiro de 2013

A LEI DE DEUS


Um dos assuntos mais importantes da teologia bíblica é a Lei. Este tema tem chamado a atenção de estudiosos desde o início da história do cristianismo.
Na língua hebraica a palavra “lei” tem um sentido bastante abrangente designando um ensinamento dado por Deus para regular a conduta do homem. Pode se dizer que a lei, dada a Israel sob a liderança de Moisés, é o eixo central do qual circula toda a vida do povo escolhido por Deus.
A lei dos mandamentos também ocupa papel importante no Novo Testamento. Em resumo, pode-se dizer que, na visão do Novo Testamento (especialmente nos escritos de Paulo), ela tem o objetivo de apontar para Cristo, o único que pode salvar. “Porque a finalidade da Lei é Cristo, para justificação de todo o que crê”. (Rm. 10:4, A Bíblia de Jerusalém).
Este estudo tem o objetivo, ainda que resumidamente, ver um pouco do que a Bíblia ensina sobre a Lei de Deus.

I – A CLASSIFICAÇÃO DA LEI.

Mesmo um exame superficial dos textos que falam sobre este assunto, é capaz de mostrar como a lei do povo de Israel era ampla o bastante para cobrir uma vasta área de atividades. Um certo estudioso da Bíblia sugeriu que a lei do Antigo Testamento pode, significativamente, dividir-se em três aspectos: Cerimonial (as observâncias rituais que apontavam para a frente, para a expiação final em Cristo); Judicial ou Civil (as leis que Deus prescreveu para uso no governo civil de Israel), e Moral (corpo de preceitos morais de aplicação universal, permanente, a toda a humanidade). Poderíamos ainda classificarmos a Lei da seguinte forma:

1 – Criminal ou Civil – Os aspectos, dessa lei, abrange os preceitos dados a Israel para o governo do seu estado civil. Previa, inclusive, pena de morte para alguns delitos. (Êx. 21:12,15,17:18,20;Lv. 20:10-16,27, etc.).

2 – Circunstancial – Lei que deveria ser aplicada conforme o caso, circunstancia ou a situação. Geralmente inicia-se com um “se”, que transmite ideia de condição. Os seguintes textos dão vários exemplos de leis circunstanciais (Êx. 22:1-17; Dt. 15:12-17).

3 – Familiar – A instituição familiar tinha peso na vida do povo de Israel. Por isso havia leis que regulamentavam, por exemplo, o castigo aos filhos rebeldes (Dt. 21.15-21), a castidade e o casamento (Dt. 22:13-30), herança dos filhos primogênitos.

4 – Cerimonial – Outro aspecto importantíssimo da vida de Israel era o culto ao Senhor. Diversas leis, que tratavam do ritual do culto abrangiam os vários sacrifícios e ritos cerimoniais que serviram com figuras ou tipos que apontavam para o Redentor vindouro, conforme Hebreus nos capítulos 7 à 10. Vários textos do Antigo Testamento confirmam que os israelitas tinham concepção do significado espiritual desses ritos e cerimoniais (Lv. 20:25,26; Sl. 26:6; 51:17; Is. 1:16). diversos textos do Novo Testamento diferenciam o aspecto cerimonial da lei e apontam para o seu cumprimento em Cristo (Ef. 2:14,15; Hb. 7:26-28; 9.9-15; 10:1-12).

5 – Sanitárias e alimentar – Havia também as chamadas “leis sanitárias”, que regulamentavam sobre a higiene, a alimentação, etc. Como exemplos de leis sanitárias e alimentos podem citar as coletânias de leis aparecem em Levítico.

6 – Caridade – Outra característica da lei de Israel, que frequentemente é ignorada, é o aspecto humanitário que ela apresenta. Estas leis incluíam proteção aos fracos – viúvas, órfãos, levitas e estrangeiros (Êx. 22:21-24); justiça para com os pobres (Ex. 22:25); imparcialidade (Ex. 23:6-8); generosidade por ocasião da colheita (Lv. 19.9-10); respeito pelas pessoas e pela propriedade, mesmo de um inimigo (Ex. 23:4;5); o pagamento imediato de salários ganhos pelo trabalhador contratado (Lv. 19:13); sensibilidade para com as pessoas de quem se tomavam objetos com penhor (Ex. 22:26,27); consideração para com as pessoas recém-casadas (Dt. 20:5-7; 24:5) e até mesmo cuidado para com os animais, domésticos e selvagem, e com as árvores frutíferas (Dt. 20:19,20; 22;6,7; 25:4).

7 – Moral – Diz respeito aos Dez Mandamentos (Ex. 20:1-17). Esta lei reflete a natureza e perfeição moral de Deus. Uma vez que a natureza moral de Deus permanece inalterável, Sua lei também o é, e ela é tão aplicável ao crente moderno quanto o foi aos crentes aos quais foi dada. O cristão está justificado do poder condenador da lei (Rm. 8:1-3), mas ainda permanece sob a sua ordem de obediência como guia para a vida reta diante de Deus (Rm. 3.31; I Co, 6:9-20).


II CONTRASTE ENTRE A LEI MORAL E CERIMONIAL

Há passagens das cartas de Paulo em que ele deixa claro que existe mais de uma lei (Ef. 2:15; Rm. 3:31). Nestes dois textos citados Paulo usou a mesma raiz grega para as palavras “tornar inoperante”, “fazer cessar”, “adastar” alguma coisa. “anular”, “abolir”. A uma igreja Paulo afirma que a lei foi desfeita e a outra, falando sobre a anulação da lei, ele exclama: “de maneira nenhuma”. Obviamente Paulo deve esta falando de duas leis diferentes. Vejamos, abaixo, alguns aspectos dessas leis.

1 – A Lei Moral (Ex. 20:1-17). A Lei Moral, os Dez Mandamentos, chamamos Lei de Deus. Esta lei vem da eternidade. Os princípios desta lei são a base do governo de Deus. Foi escrita pelo “dedo de Deus” em duas “tábuas de pedra” (Êx. 31:18), denotando, com isso, sua autoriza e tempo de duração (eterna). É denominada: “a Lei Real” (Tg. 2.8). Ela era guardada dentro Arca da Aliança, a qual foi vista por João, na sua visão, no templo de Deus (Êx. 40:20; Ap. 11:19). É uma lei perfeita (Sl. 19:7,8). Nem tampouco é anulada pela fé (Rm. 3:31).

2 – Lei Cerimonial (Ef. 2:15; Cl. 2:14). A Lei Cerimonial continha sete sábados semanais (Lv. 23;27; 23:32); foi desfeita por Cristo em seu sacrifício. Foi escrita por Moisés num livr, o qual foi colocado ao lado da Arca da Aliança (Dt. 31:9,24-26), denotando com isso a temporalidade da lei, frequentemente chamada de “Lei de Moisés” - título dados aos cinco primeiros livros do Antigo Testamento (Atos 15:5), veio a existir depois da queda do homem. A Lei Cerimonial “nenhuma coisa aperfeiçoou” (Hb. 7:19). Esta lei “consistia em manjares e bebidas, e várias abulções e justificações da carne” e sacrifícios, destinava-se a chamar a atenção para a primeira vinda de Jesus (Hb. 9:10). com Sua morte, essa lei foi “cravada na cruz”; era transitória (Hb. 10.1).


III – A NATUREZA DA LEI DE DEUS.

1 - A lei é eterna e imutável (Mt. 5:18). A expressão do versículo citado deixa evidente o fato irrefutável de que a lei é eterna. É eterna porque se baseia na imutável natureza de Deus e nas relações permanentes do homem sobre a terra.

2 – A lei é santa e justa (Rm. 7:12). O mandamento é santo por origem, visto que provém de Deus, justo por natureza, uma vez que expressa a Sua vontade; bom em seus efeitos, visto que serve ao Seu propósito de levar o homem à sua origem santa.

3 – A lei é espiritual (Rm. 7:14). Conforme o pensamento hebraico, o que é espiritual está ao lado de Deus, assim como o que é carnal esta ao lado do homem. O homem espiritual pode cumprir a lei (Rm. 8:1-4).

4 – A lei é boa (Rm. 7:16; I Tm. 1:8) Paulo enfatiza um ponto muito importante “a lei é boa”. O que Paulo deseja dizer com essa afirmação é que ela desmacara o pecado, isto é, mostra a pecaminosidade humana. É coisa boa, pois, alerta-nos que o pecado é um instrumento que produz a morte.


CRISTO E A LEI

1 – Jesus viveu sob a Lei (Gl. 4:4,5). Cristo nasceu e viveu no período anterior à cruz, em que a lei era a principal revelação de Deus à humanidade. Ele veio fazer a revelaçao suprema, mas viveu como judeu, sob o sistema judaico. Durante Sua vida terrestre Ele submeteu-se a todos os preceitos da Lei (Jo. 15:10). Foi bem sucedido naquilo em que todos os outros fracassaram: cumpriu perfeitamente a justiça da Lei.

2 - Jesus não ab-rogou a Lei (Mt. 5:17-19). Estes versículos constituem uma resposta tanto para as acusações farisaicas de que Jesus estava destruindo “a lei e os profetas” (as duas partes do Antigo Testamento), com também desmentindo a ideia de que a liberdade em Cristo significava abolição da Lei. Ele não veio para abolir, mas para cumprir. Cumprir não significa apenas levar a efeito as predições, mas a realização da intenção da Lei e dos Profetas. A salvação é dádiva de Deus em misericórdia e perdão, mas os Seus requisitos por isso não perdem a força.

3 – Jesus resumiu a Lei em dois mandamento (M. 22:34-40). Os fariseus haviam descoberto que as leis eram em número de 613, sendo que 365 proibições e 248 mandamentos positivos. Jesus ao citar Deut. 6:5, faz do amor não apenas o grande mandamento, mas também a essência e cumprimento da lei e e dos profetas. Isso significa que, ao executarmos a lei de amor para com Deus (do primeiro ao quarto mandamento) e ao próximo (do quinta ao décimo mandamento), todas as leis de Deus são cumpridas, pois aquela é a essência da Lei (Rm. 13:8-10).

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