Um dos
mais belos aspectos da fé cristã é o da graça de Deus. A palavra
graça vem do grego “charis” (ocorre 156 vezes no Novo
Testamento) e significa favor imerecido, referindo-se sempre ao
infinito amor de Deus e a tudo que Seu amor O levou a fazer para a
nossa salvação. A graça de Deus não somente abrange o imerecido
favor estendido aos pecadores, mas também a dádiva de poder
habilitar Seus filhos a cumprirem a Sua vontade. Sobre este assunto
existem três posições teológicas, sendo que duas são extremas, e
uma moderada.
1 –
DOUTRINAS SOBRE A GRAÇA
1 –
A doutrina da segurança eterna (Rm. 6:1,2; Jd. 4). Esta doutrina
garante que, uma vez aceito o pecador como filho de Deus, nada do que
ele venha fazer o pode arrebatar de Sua mãos. Se assim fosse, a
graça de Deus não passaria de simples licença para pecar.
2 –
A doutrina da salvação pelas obras. (Gl. 5:4). Há os que temem
a graça de Deus; que suspeitam da bondade divina. Para eles a
santificação é resultado de um esforço de sua própria vontade,
condicionada a sua salvação na obediência à lista de proibições
e regulamentos ensinados pela sua igreja.
3 –
A doutrina da salvação pela graça (II Co. 8:9). em Adão todos
nós herdamos o pecado e perdemos o direito da vida eterna. Porém,
em Jesus Cristo veio a este mundo para atribuir-nos este direito.
II – A IMPORTÂNCIA
DA GRAÇA NA VIDA CRISTÃ
1 –
A salvação vem pela graça (Rm. 3.23,24). Tão somente através
da graça vem a salvação. O pecador é incapaz de ajudar-se a si
próprio, quanto mais pensar em sua própria salvação. A ideia da
salvação foi concebida por Deus, e do céu ele enviou Seu filho
para nos salvar. Portanto, salvação, é obrar divina, completa e
perfeita (Ef. 2:8,9). A graça é “Dom” de Deus, ou seja uma
dádiva, um presente para a humanidade (Rm. 6:23).
2 –
A vida cristã depende da Graça (Tt. 2.11-14). Ignorar a graça
de Deus na vida cristã é um grave erro, pois é pela graça que
somos salvos, e é através dela que vivemos. Veja o que Paulo diz em
Col. 2.6: “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai
nele.”. Como se recebe Jesus como salvador? Pela graça. A sua
salvação depende única e exclusivamente da graça e toda sua vida
deve ser baseada nela.
3 –
A graça é liberdade para crescer (II Pd. 3.18). Um aspecto
fundamental para a compreensão da vida cristã é o de que todo
mundo nasce débil, pequeno e ignorante (sem conhecimento). A graça
então nos proporciona o ambiente ideal para o crescimento espiritual
4 –
A graça enriquece e informa (I Co. 1:4,5,26). A vida dos
coríntios é marcada pela graça de Deus. Embora os coríntios
sejam, em sua maioria, materialmente pobres, pela graça de Deus, são
espiritualmente ricos, porque foram enriquecidos em “toda Palavra e
em todo conhecimento (compreensão espiritual)”.
5 –
A graça é o poder pelo qual os cristãos realizam boas obras (II
Co. 9:8,14). Paulo afirma que Deus nos propicia os meios para
agirmos generosamente, corretamente com relação às outras pessoas.
A lição do texto é de que só podemos dar aquilo que recebemos
diretamente de Deus.
III –
LEI E GRAÇA NO ANTIGO TESTAMENTO
Muitas
pessoas não conseguem perceber que a lei e a graça revelam o mesmo
aspecto da natureza divina. Se por um lado a lei revela a justiça~e
santidade de Deus, por outro, a Graça revela o seu lado
misericordioso, amoroso e benigno. A graça sempre se manifestou aos
homens, mesmo no antigo testamento.
1 –
A graça no jardim do Éden (Gn. 3:15; II Tm. 1:9). A graça já
era plano de Deus antes mesmo da quedo do homem. No Éden encontramos
a promessa de um salvador e Redentor da humanidade. Este Salvador
poria fim ao poder de Satanás em enganar a humanidade, conduzindo-a
ao pecado.
2 –
A graça de Deus na morte do cordeiro (Gn. 3:21; Ap. 13:8). Por
causa do pecado do homem um cordeiro teve de ser sacrificado. O
sangue de um inocente foi derramado e a pele do animal serviu como
vestimenta (justiça). Este cordeiro, de acordo com João, é a
prefiguração de Jesus Cristo que morreria em nosso lugar (Jo.
1:29), manifestando dessa forma a graça de Deus (perdão, clemência,
favor divino imerecido pelo homem).
3 –
A graça de Deus na vida de Davi (Sl. 32:1,2; 51:1-12). Estes
dois salmos foram escritos por Davi. Ao perceber o pecado que havia
cometido e a iminência de perder a presença do Espírito Santo ele
clama pela misericórdia de Deus. Misericórdia (hessed, no hebraico)
temo seu correspondente etimológico na palavra grega “charis”.
Isto é “misericórdia” no hebraico é a mesma palavra “graça”
do Novo Testamento.
IV –
DEBAIXO DA GRAÇA E NÃO DA LEI.
Há dois
erros contra os quais os filhos de Deus devem precaver-se: O primeiro
é o de tomar em consideração as sua próprias obras, confiando em
qualquer coisa que possam fazer, a fim de conseguirem a salvação
(Ef. 2:5-9, Rm. 11:6). O erro oposto é o de que a crença em Cristo
isente o homem da observância da Lei de Deus; que, visto como só
pela fé é que nos tornamos participantes da Graça de Cristo,
nossas obras nada têm que ver com nossa redenção.
1 –
Debaixo da lei (Rm. 6.14a). Que significa a frase “debaixo da
lei”? É evidente que em certo sentido todos os homens, a raça
humana toda, estão debaixo da lei de Deus, debaixo de sua
jurisdição, de seu domínio, uma vez que a Terra pertence a Deus e
é parte de seu universo. Certamente Paulo não queria dizer que os
cristãos não estão debaixo da lei nesse sentido. Logo a frase “não
estais debaixo da lei” deve significar “não debaixo da
condenação da lei” já que a pessoa está em Cristo (Rm. 8:1).
2 –
Debaixo da graça (Rm. 6:14b). Que significa estar “debaixo da
graça”? Uma vez que a graça é definida como favor, disposição
de mostrar bondade, clemência, misericórdia, perdão, favor divino
imerecido pelo homem, o estar “debaixo da graça” significa estar
sob o favor de Deus, sob Sua misericórdia, sob Seu perdão.
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